Delicadeza no traço e na cor

Recife, Terça-Feira, 23 de Setembro de 1997

Corpos humanos em movimento, imagens mitológicas e bíblicas, naturezas-mortas, composições livres de figuras e cavalos e uma série de odaliscas fazem a nova mostra de pinturas do artista plástico Graciliano, que será inaugurada nesta terça-feira, às 20h, no hall do Parthenon Golden Beach, em Piedade. A última exposição do artista aconteceu em 95, no Atlante Plaza. Freqüentar os espaços culturais dos grandes hotéis ou restaurantes, aliás, acabou se tornando uma característica particular da trajetória do pintor.
Graciliano, um recifense que passou pelos ateliês de Murilo La Greca e Pierre Chalita, pela Escola de Belas Artes e por cursos de especialização em algumas escolas italianas de Arte e restauração, é um admirador confesso do estilo figurativo. Com os mestres brasileiros, aprendeu a dar movimento às cenas, vida às personagens. Com os italianos, a respeitar e valorizar o desenho e a cartela de cores. Desde o início da carreira profissional, em 1972, as figuras humanas têm sido incluídas em suas exposições.
"Sou essencialmente figurativo, mas procuro trabalhar com outros temas para mostrar versatilidade. O público gosta disso", diz Graciliano. Nesta mostra, ele se debruçou sobre alguns assuntos até então pouco explorados: personagens bíblicas, como Lúcifer (antes de qualquer outra interpretação, um anjo de luz); centauros e uma série de naturezas-mortas pintadas em têmpera, técnica artesanal de efeito pastoso, pouco explorada pelos artistas locais. "Mesmo as telas pintadas a óleo têm um diferencial, as passagens de cor são delicadas, não pesam tanto como na maioria das obras a óleo que se vê por aí", esclarece.
Mesmo com a respeitabilidade da pintura pernambucana no cenário nacional, Graciliano defende que a maior parte dos nossos artistas sofre de um mal que poucos questionam, mas que tem um peso significativo no resultado final dos trabalhos: a pouca experiência com o desenho. Outro fator essencial na preparação dos pintores, apontado por Graciliano, é a manutenção de escolas formais, como foi a Escolade Belas Artes há algumas décadas. "Aprendíamos com gente que realmente tinha o que ensinar", dispara.
Diplomado em Desenho Industrial pela UFPE, em fins dos anos 70, Enilson Graciliano pós-graduou-se em design na Fundação Amerigo Rotellini (Milão/ Itália). Aproveitando a temporada na Europa, estudou desenho e pintura em Florença e, voltando ao Recife, criou o Atelier de Arte, na Madalena, local de trabalho dividido com o escultor Ypiranga Filho.


SERVIÇO:

Individual de pinturas do artista plástico E. Graciliano. Inauguração nesta terça, às 20h, no Parthenon Golden Beach (av. Bernardo Vieira de Melo, 1204 - Piedade). Período: 23 de setembro a 7 de outubro.